Mudança de comportamentos…“Eu sou muito ansioso… eu sou muito impulsivo… eu sou muito desatento…”. Como mudar de comportamento?
Sempre que iniciamos uma conversa com alguém que está interessado em realizar seu processo de coaching, de construção de Prosperidade, são estas frases que escutamos.
E todos os adjetivos que a pessoa se dá vêm precedidos da palavra “muito”. E esse muito “algo” é sempre depreciativo.
Este tipo de apresentação gera algumas reflexões que vale a pena explorar.
A linguagem que utilizamos em nossas conversas, em nossas comunicações diz muito sobre o tipo de crenças que temos sobre os outros e sobre nós mesmos.
Dessa forma, a linguagem nos ajuda ou não a termos mais consciência sobre nossas crenças limitantes e, consequentemente, a capacidade de superá-las.
Em nosso idioma, uma das funções, um dos significados do verbo “ser” é conceituar um substantivo, uma palavra.
A chuva é molhada.
A água é líquida.
A árvore é uma planta.
O verbo Ser é um verbo de conceito.
Quando utilizamos o verbo ser, estamos nos referindo a qualidades essenciais daquele objeto, daquele substantivo, daquele elemento.
O verbo ser é um verbo que indica estado permanente.
Por exemplo: quando você diz “eu sou teimoso”, “eu sou intolerante”, você está se referindo à sua essência, já que você utiliza o verbo “ser” na construção desta frase e o verbo “ser” é um verbo de conceituação.
E qual seria o problema em usar um verbo de conceito para falar de mim mesmo?
Especialmente quando você se refere a você mesmo de uma forma depreciativa, negativa (sou teimoso, intolerante, impulsivo, etc.).
Neste caso, o uso do verbo ser faz com que você tenha maiores dificuldades em mudar, em modificar aquela característica em você.
Assim, fica mais difícil você realizar uma mudança.
Afinal, você está falando de sua “essência” e poucas pessoas admitem mudar sua “essência”.
Quantas vezes você já ouviu alguém falando, por exemplo, “eu não quero fazer grandes mudanças em minha vida, porque eu não quero perder minha essência”?
Portanto, quando você utiliza o verbo “ser”, este verbo de conceituação, e você o liga a uma característica sua que você não aprecia, a possibilidade de mudança fica muito mais complexa.
Mudança de comportamento.
Então, como fazer? Como poder falar de mim mesmo, de algo que não me agrada em mim sem me referir à minha essência? E, ao mesmo tempo, assumindo estas características em mim?
Ao invés de você dizer: eu SOU intolerante, diga, por exemplo, eu TENHO COMPORTAMENTOS de intolerância, eu tenho comportamento de intolerância em algumas situações.
Dessa forma, quando você constrói este pensamento, você consegue, ao mesmo tempo, assumir aquela característica de sua personalidade e também consegue limitá-la a algumas situações específicas, a algumas situações determinadas.
Desse modo, especificando e determinando estas situações, estes contextos, você, aos poucos, vai alterando uma a uma, situação por situação, adquirindo e realizando novos comportamentos que tenham mais a ver com o que você quer ser.
Finalmente, dessa forma, você consegue alterar aquele comportamento que você não quer mais.
A palavra “MUITO”.
Já reparou como as pessoas, quando vão falar de seus “defeitos”, elas utilizam a palavra “muito” antes do adjetivo depreciativo?
“Eu sou MUITO intolerante, eu sou MUITO impulsivo.”
Vale a pena lembrar que a palavra “muito” é um advérbio de intensidade ou de quantidade.
Em outras palavras, quando você fala “sou muito impulsivo”, você fortalece esta característica.
E dá uma intensidade indefinida para esta característica.
A palavra “muito” não define o quanto você é impulsivo, ou intolerante, por exemplo.
Faça um exercício e veja como você se sente: ao invés de falar “eu sou muito impulsivo”, ou “eu sou muito intolerante”, retire da frase a palavra “muito”, formulando-a.
E assim, as frases ficam: “eu sou impulsivo, eu sou intolerante”.
Você admitiria dizer isso de você mesmo?
Ou então, será que você está utilizando a palavra “muito” justamente para não assumir estas características?
Repita em voz alta: eu sou muito intolerante.
E em seguida: eu sou intolerante.
A segunda frase causa um grande desconforto, não é mesmo?
Porque, nesta segunda frase, você percebe que está falando de sua essência e, como está falando de modo depreciativo, esta fala te causa incômodo.
De outro lado, quando você fala “eu sou muito intolerante”, o efeito que o uso da palavra “muito” causa é justamente atenuar a característica depreciativa que vem logo depois.
Percebeu a diferença?
Portanto, quando você for se referir a você mesmo de forma depreciativa, para mencionar alguma característica negativa de você, construa a frase da seguinte forma “eu tenho comportamento intolerantes em algumas situações ou “eu tenho reações impulsivas em alguns contextos”.
E pare de usar a palavra MUITO unida a adjetivos depreciativos!
Porque, se for para ser MUITO, que você seja MUITO FELIZ!