O título deste post é uma variação do livro do colombiano Gabriel Garcia Márquez, “O Amor nos Tempos do Cólera”. E nada mais propício para o momento que estamos vivendo hoje, no início da segregação social que está se impondo por causa do coronavírus. Afetos nos Tempos de Coronavírus.
A reflexão sobre este tema se faz extremamente importante: estamos sendo obrigados a nos distanciar uns dos outros e esta distância obrigatória gera impactos humanos, emocionais.
Vamos a alguns exemplos: em uma instituição religiosa, onde somos colaboradores voluntários, há a previsão de retorno somente no final de abril; com meus familiares, já estamos nos despedindo dizendo um “até breve”, porque é provável que não seja possível e nem saudável que nos encontremos pessoalmente nas próximas semanas. No edifício onde temos escritório, as pessoas estão se despedindo, andares estão sendo esvaziados… é um tipo de sensação similar àquela de final de anos, quando as empresas concedem férias coletivas a seus funcionários. Mas não estamos em festa. Estamos atentos e um pouco triste. A separação não ocorre por causa de festas de finais de ano. Ocorre para a preservação da vida de cada um de nós.
Já estou sentindo saudades de todos…
Quando poderemos abraçar nossos amigos?
Quando podemos beijar nossos entes queridos? Quando vamos poder comemorar os aniversários? Enfim, quando poderemos demonstrar e exercer nossos afetos?
Sempre dizemos que a Prosperidade implica, necessariamente, em relações sociais positivas, de boa qualidade. E relações humanas, para serem Prósperas, para serem positivas, necessitam de escuta ativa, de compreensão das diferenças, de um propósito em comum, enfim, de amor.
É interessante que agora, que estamos mais privados das relações humanas, começamos a revalorizar todas estas relações: as brigas dos casais, por bobagens, assuntos pequenos, já não fazem mais sentido. A questão agora assume uma outra dimensão: e se eu perdê-lo(a)?
O mesmo raciocínio se aplica também para as relações de amigos: quantas vezes deixamos aquele amigo de lado, não alimentamos nossa amizade para um dia, se der, dar atenção? E assim os anos passam e as relações se enfraquecem.
Certamente você já tem ou teve amigos que são muito queridos, mas que faz tempo que você não os vê e nem mesmo fala com eles. O que aconteceu? A relação não foi alimentada e, como ocorre com tudo o que não recebe alimento, a relação morre.
Mas parece que somente agora é que estamos realmente acordando para a importância das relações, para a importância dos afetos.
Parece que estão nos dizendo: você não deu atenção a seus amigos e familiares queridos? Pois agora vai ter que ficar, obrigatoriamente, sem vê-los por um bom tempo.
Por que foi preciso então ocorrer o fenômeno do coronavírus para que nossos afetos fossem revalorizados, descobertos, reconhecidos e assumidos?
Na 2a feira passada, uma amiga nossa faleceu. E ela havia estado conosco na 5a feira anterior. Ela trabalhava com idosos, era gerontóloga. Ia inaugurar um programa em uma rádio voltado para idosos. Conversamos sobre seus planos. Conversamos sobre nossos planos em comum. A Prosperidade também na fase idosa da vida. Estes planos terão que ser postergados para um futuro indefinido. Ela morreu. Não estava doente, nada. Apenas morreu, como acontecerá com todos nós. Ao menos, tive a honra de ter estado com ela uns dias antes de ela partir.
Os afetos em tempos de coronavírus. Temos a cada momento, a oportunidade de viver o amor, o diálogo e a construção da Prosperidade. Aprendamos e saibamos viver a vida!
Deixe seu comentário: ampliemos a reflexão para fortalecer nossos laços de afeto, ainda que , momentaneamente, por meio virtual.